Moço, eu sou pureza, moço...
dizia a mulher de quase 30 anos que apareceu na frente de casa, hoje de manhã. Sobravam-lhe alguns quilos, faltavam-lhe alguns dentes e aquela boca, que ela dizia ser virgem relatava "nunca abracei um homem, moço, sou pureza, sou virgem até de boca". Na verdade ela queria 20 centavos pra comprar um pão. Ela dizia que era pro pão mesmo e repetia os mesmos dados, justificando-se "porque eu sou virgem moço, virgem até de boca, nunca abracei um homem, sou pureza, é pra comprar um pão mesmo" e repetia essas mesmas palavras, apenas trocando a ordem dos períodos, mas nunca o significado, que nã me cansei de ouvir. O que me cansou de verdade foi não ser ouvido. Qualquer coisa que eu falasse ela respondia dessa maneira. Era o seu escudo! E a coisa que mais lhe valia. Algo de que ela se orgulhava? Não sei, talvez ela esteja cansada de ser virgem, até de boca, de nunca ter abraçado um homem, de ser pureza.
Eu realmente não tinha dinheiro ali. Se ela quisesse uma caixa d'água, um vaso sanitário, uma porta ou cama eu tinha sobrando dentro de casa. Procurei no carro, encontrei 50 centavos, para minha felicidade e a dela. E eu tentava ir embora, precisava ir embora e ela repetia aquele mesmo texto tatuado em algum lugar dentro dela. Infelizmente não consegui me despedir. Porque ela não se despedia, apenas dizia e dizia e dizia. Fui embora e a vi no espelho tocando a campainha do meu vizinho. Eu estava de saída, vi pelo espelho. Meu vizinho provavelmente não abriu a porta. Eu quase perguntei pra ela se ela nunca havia abraçado o pai dela, mas fiquei com medo de acabar tocando onde não devia.
Eu realmente não tinha dinheiro ali. Se ela quisesse uma caixa d'água, um vaso sanitário, uma porta ou cama eu tinha sobrando dentro de casa. Procurei no carro, encontrei 50 centavos, para minha felicidade e a dela. E eu tentava ir embora, precisava ir embora e ela repetia aquele mesmo texto tatuado em algum lugar dentro dela. Infelizmente não consegui me despedir. Porque ela não se despedia, apenas dizia e dizia e dizia. Fui embora e a vi no espelho tocando a campainha do meu vizinho. Eu estava de saída, vi pelo espelho. Meu vizinho provavelmente não abriu a porta. Eu quase perguntei pra ela se ela nunca havia abraçado o pai dela, mas fiquei com medo de acabar tocando onde não devia.

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