martedì, ottobre 12, 2004

Quando música ainda não é música

Acho que tá na hora de postar algo que eu esteja estudando. Até no sentido de fazer uma auto-avaliação futuramente. Se as pessoas soubessem como uma peça deve ser estudada até que saia música dali... (nesse sentido eu adoraria tocar - e pretendo em breve - em improvisação livre, como descrevo no post embaixo deste), eu nem faço direito e já me espanto, porque é nota por nota, afina, no tempo, corrige arco, compasso a compasso, fraseia, refaz, repensa, toca um milhão de vezes, tenta métodos diferentes, faz exercícios complementares, toca sempre mais devagar do que se imagina, levanta cotovelo, abaixa o pulso, divide o peso ente os dedos, vibra cada nota, não vibra nenhuma, vibra rápido, devagar, peso, tira peso, volta o arco, estuda a mudança de posição, ouve, ouve, ouve, canta, pisca o olho, suspira, pára uns 5 minutos, se espreguiça, quase desiste, acha que tá lindo, acha que tá uma merda, etc etc etc. Esse Brahms que tô estudando agora o segundo movimento é uma Sonata pra Cello e Piano. É uma música espantosamente linda. E, por mais que ela deva demorar mais um ano ainda pra ser tocada com um mínimo de decência, o aprendizado gerado ao longo do estudo é inimaginável. Este momento em que gravei mostra uma melodia bruta. Quase no mesmo sentido do material bruto em vídeo. Que deverá ser decupado, "esculpido". Mas já dá pra ter uma noção da melodia. Me cobro pacas, mas sou sensível e sinto prazer mesmo assim. Não vejo a hora de tocar isso com o piano. O trecho tem várias repetições mas eu passei reto pra diminuir o tamanho do arquivo.
Sonata nº1 - Trio

lunedì, ottobre 11, 2004

Quando Ruído é Música

Por definição, o ruído é uma sobreposição de diversas freqüências dissonantes. Numa nota tocada por um instrumento, basicamente existem a própria freqüência correspondente à nota, por exemplo um 110Hz, que é o Lá grave do contrabaixo. Tocada essa nota, ressoam os seus harmônicos, muitas vezes múltiplos entre si. O primeiro "nó" ocorre uma oitava acima, no Lá 220Hz. Depois vem uma quinta acima, que é um Mi 330Hz; sempre serão múltiplos da fundamental. Imagine que o ruído é uma freqüência de 1000Hz, somada a outras freqüências como 1002Hz, 1102Hz, 1577Hz, 1631Hz e mais algumas aleatórias.



Tudo isso pra falar da apresentação que assisti ontem na Casa do Eletricista, ao lado da Casa das Caldeiras. O grupo se chama Amálgama e nele tocam músicos extremamente criativos, dentre eles aquele que eu sempre vou chamar de professor, o Célio Barros. Sempre vieram uns nomes da minha cabeça tentando definir a música dos seus diversos grupos. Por exemplo: música espontânea, música instantânea... ele chama, com razão, de Improvisação Livre. Mas isso só diz respeito ao "modus operandi" da coisa, sem dar idéia do resultado musical. E ontem eu tive a sensação de ter ouvido uma das melhores apresentações do gênero. Disse pro Célio depois, acho que tem bastante a ver com a maneira como foram dispostos músicos e instrumentos.

Uma breve descrição visual: baixo elétrico e efeitos, e voz (não sei como o Célio faz harmônicos com a voz) / efeitos sonoros e voz / percussão, efeitos, pick up e coisas que eu não sei o nome / sax baixo / clarinete e efeitos / cada um disposto num canto da sala. Eu quase deitei próximo ao centro do espaço e aí tive a impressão de que tinha espaço pra todos nos meus ouvidos. Na consonância e no ruído. Foi quase terapêutico. Eram tantos sons que eu desconhecia e outros que eu achava que conhecia. Não dá pra gravar um pedaço e mostrar que não dá o efeito. Quando eles gravarem em sistema 7.1 ou 10.1, Aí talvez, mas mesmo assim o gostoso é ver que os caras estão montando a música ali, na hora, na sua frente, ou do seu lado.

Eu sempre me perguntei se ruído é música, etc e tal. E acho que encontrei uma resposta interessante. É uma pena que no site do célio www.celiobarros.com.br não tenha nenhuma faixa pra baixar. Mas acho que é por opção. No entanto, tem algumas faixas no cafemusic em mp3 ou outros tipos de streaming. Cuidado pra ouvir, que às vezes a música começa em silêncio.

domenica, ottobre 10, 2004

Silêncio

Silencio, até não restar pensamento. Silêncio, pra dormir melhor; se fosse possível, hibernar ou ao menos piscar os olhos em paz. Um minuto de silêncio. Não uma vida.

Mas talvez seja a minha dor de garganta querendo se expressar.